Dois homens ligados ao Movimento Brasil Livre (MBL) e ao Movimento Renovação Liberal (MRL) foram presos, preventivamente, em São Paulo, nesta sexta-feira (10), durante uma operação do Ministério Público de SP, em colaboração com a Polícia Civil e a Receita Federal. Em nota, o MBL afirmou que os suspeitos nunca foram membros do grupo.
Segundo o MPSP, além dos dois mandados de prisão, foram cumpridos mandados de busca e apreensão na capital e em Bragança Paulista, em seis endereços correspondentes a empresas envolvidas na investigação sobre crimes de lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio. Um desses locais é a sede do MBL, na Vila Mariana, Zona Sul da capital paulista.
A Polícia Civil informou que os envolvidos teriam desviado mais de R$ 400 milhões em esquema envolvendo companhias ligadas à disseminação de fake news (notícias falsas). Os policiais apreenderam celulares, computadores, HDs e pen drives, além de documentos impressos e dinheiro.
Os presos são Alessander Monaco Ferreira e Carlos Augusto de Moraes Afonso (conhecido como Luciano Ayan). De acordo com o MPSP, evidências mostraram que eles construíram efetiva blindagem patrimonial composta por um número significativo de pessoas jurídicas, tornando o fluxo de recursos extremamente difícil de ser rastreado, inclusive utilizando-se de criptoativos (ativos digitais).
O Ministério Público afirma que há "confusão jurídica empresarial" entre o MBL e o MRL, acusa o MBL de receber "doações de forma suspeita" através da plataforma Google Pagamentos - ao invés de doações diretas na conta do grupo -, e diz que o MBL constituiu e utilizou "diversas empresas em incontáveis outras irregularidades, especialmente fiscais".
O órgão destaca que a "família Ferreira dos Santos, criadora do MBL, adquiriu/criou duas dezenas de empresas ? que hoje se encontram ? todas ? inoperantes e, somente em relação ao Fisco Federal, devem tributos, já inscritos em dívida ativa da União, cujos montantes atingem cerca de R$ 400 milhões".
Segundo o MP, Alessander Monaco Ferreira é suspeito de movimentação financeira extraordinária e incompatível; criação/sociedade em 2 empresas de fachada; realização de doações suspeitas através da plataforma Google; de viajar mais de 50 vezes para Brasília, entre julho/2016 a agosto/2018, para o Ministério da Educação com objetivos não especificados; solicitar emprego e ser contratado pelo governo de SP para trabalhar na Comissão de Avaliação de Documentos e Acesso (Cada) da Imprensa Oficial do Estado - função que gerencia tarefas de eliminação de documentos públicos e informações relativas ao recolhimento de documentos de guarda permanente.
Fake news
O MP também afirma que Carlos Augusto de Moraes Afonso é suspeito de ameaçar quem questiona as finanças do MBL; disseminar fake news; criação/sócio de ao menos 4 empresas de fachada; usar contas de passagem, indícios de movimentação financeira incompatível perante o fisco federal.
Carlos foi convocado para a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News, em outubro de 2019. Segundo o requerimento, "Carlos Augusto de Moraes Afonso era um dos donos da empresa Yey Inteligência (nome fantasia "Nox"), atualmente inativa, cuja atividade econômica era 'consultoria em gestão empresarial', de acordo com a Receita Federal".
"Segundo registros da Junta Comercial do Estado de São Paulo, à época, esse nome era sócio de Pedro Augusto Ferreira Deiro ? um dos fundadores do MBL. A página do movimento costuma divulgar publicações do Ceticismo Político com frequência, inclusive, o conteúdo divulgado através da página de ?Luciano Ayan? no Facebook, sobre o assassinato da vereadora Marielle, foi reproduzido pela página do MBL na mesma rede social."